Para desempenharem seu papel com segurança e atenderem todas as exigências normais do mercado da construção civil, devemos considerar oito aspectos muito importantes: “Processo de fabricação”, “Nervuras”, “Massa e Tolerância”, “Medidas Lineares”, “Bitola”, “Propriedades Mecânicas”, “Soldabilidade” e “Oxidação e Corrosão”. Vamos conhecer um pouco sobre cada um deles?
- Processo de fabricação – Vergalhões podem ser obtidos por dois tipos de processos metalúrgicos: Laminação ou Trefilação. Com a laminação a quente, nas bitolas de 6,3 a 40,0 mm, são desenvolvidos os aços CA 25 e CA 50. Já com a trefilação a frio, nas bitolas de 4,2 a 6,0 mm, são criados os aços CA 60. Há dois tipos de laminadores a quente. Um deles é o laminador convencional de rolos Selvagem, de onde o vergalhão sai no formato de espiral contínua, que vai enrolando e, após o resfriamento, é compactado na forma de rolos de vergalhão selvagem. O outro tipo é o laminador contínuo de Carretel – aqui, o vergalhão sai continuamente e é enrolado esticado (tracionado), sem formar espirais, bem uniforme e compacto, tipo enrolador de carretel. Esta diferença contribui para que o rolo selvagem tenha muito mais tensões e torção do que o rolo em Carretel (ou spooler). O material em carretel é mais facilmente dobrável, atende melhor os requisitos de planicidade, retilinidade, dá menos perda por sucata de regulagem, permite maior velocidade de corte e dobra. A trefilação consiste em tracionar um vergalhão de 6,3 mm ou 8,0 mm por um tambor giratório através de uma fieira reduzindo o diâmetro gradativamente em vários passes, até atingir a bitola final desejada.
- Nervuras, Estrias e Aletas. Para propiciar melhor ligadura do vergalhão com o concreto, durante a laminação a quente os cilindros de laminação provocam nervuras (elevações superficiais) transversais (ou estrias, tipo espinha) ou longitudinais (aletas). A função da nervura transversal é não permitir o deslizamento no sentido longitudinal do vergalhão em estacas ou pilares, em relação à massa de concreto. A função das aletas ou estrias longitudinais é de não permitir o giro (rotacional) do vergalhão em relação ao concreto nas vigas e baldrames.
- Massa do Vergalhão e Tolerâncias. Você sabe a diferença entre massa e peso? A massa de um material é a forma de medir o seu volume em kg. Isso significa que quando dizemos que uma barra de vergalhão CA 50 de 10,0 mm tem 7,5 kg, estamos nos referindo à sua massa. O peso é uma designação errada para tratar a massa. O peso é uma medida de força. É a característica com que a Terra atrai aquele corpo pela força da gravidade. Portanto, popularmente, dizemos que este aço tem, por exemplo, peso de 1,633 kg por metro, mas o correto é dizer que tem massa de 1,633 kg/metro. A massa do vergalhão é calculada com base na densidade do aço, que é de 7.850 kg por metro cúbico. A norma ABNT NBR 7480 indica os valores para cada bitola – incluindo massa nominal (conhecida também como massa de usina), massa máxima e massa mínima. As faixas de tolerância são expressas em porcentagem. A Udiaço utiliza para cada bitola um valor de massa comercial padrão no mercado como o valor médio das variações possíveis dos fornecedores – com valores sempre dentro da faixa de tolerância permitida pela norma.
- Medidas lineares – Comprimentos e Tolerâncias. Os comprimentos ou medidas lineares normalmente são apresentados em centímetros. Nos produtos de Corte e Dobra, aplicam-se aos comprimentos das abas, dos lados do estribo, transpasses e diâmetros. No caso de armados, além das medidas dos estribos, há também o comprimento dos elementos. Como toda grandeza física, as medidas têm tolerâncias, que são os intervalos máximos permitidos para as variações que ocorrem nos processos de produção.
- Bitola. A bitola do vergalhão corresponde ao diâmetro externo médio entre a altura e a raiz das estrias. É o diâmetro nominal de cálculo do vergalhão pelos engenheiros calculistas dos projetos. As medidas das bitolas, originariamente, vêm do correspondente em polegadas, devido às características dos laminadores americanos.
- Propriedades Mecânicas. Nosso artigo anterior se aprofundou nesse tema e você pode acessar ele aqui. Basicamente, as propriedades mecânicas classificam os vergalhões em três classes, cada qual com suas propriedades mecânicas: “Resistência ao Escoamento”, “Resistência à Ruptura” e “Resistência ao Dobramento”.
- Soldabilidade. A solda é um processo de união entre dois materiais, assim como ocorre com a fixação com parafusos, amarração e colagem, entre outros métodos. A princípio, todos os aços são soldáveis, inclusive aços inoxidáveis e aços de liga especiais. Também produzimos outro artigo que se aprofunda nessa questão e você pode lê-lo aqui. Um dos pontos mais importantes é que, quando se fala em um aço soldável ou não soldável, na verdade, estamos falando em “facilmente soldável” ou “não facilmente soldável”.
- Oxidação e Corrosão. Quando laminados a quente ou trefilados a frio, os vergalhões saem do processo com uma superfície acinzentada que propicia uma proteção superficial ao aço. Esta aparente proteção permite ao vergalhão resistir a até oito meses em ambiente coberto e quatro meses ao ar livre – só depois começam a aparecer indícios de oxidação. Mas você também precisa entender a diferença entre oxidação e corrosão. A oxidação é aquela superfície amarelada que aparece na superfície do aço, resultante da reação química entre o aço e a água ou oxigênio do ar úmido. Esta pequena película não prejudica em nada a qualidade do vergalhão. Pelo contrário: até permite melhor adesão do vergalhão ao concreto. No entanto, quando o nível de oxidação aumenta, o produto começa a ter uma aparência alaranjada, e isso indica que seu material base está sendo corroído. Também conhecida como ferrugem, a corrosão é o resultado deste processo. É uma pequena película de óxidos que ataca o metal base e pode comprometer a medida do diâmetro do vergalhão e, indiretamente, compromete os cálculos da ferragem do concreto. A corrosão então é inimiga e afeta a qualidade do material.